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Jardim a Jardim: A música que cruza a ponte e conecta realidades em São Paulo

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O centro de São Paulo, visto de cima, pode parecer um bloco cinza impermeável de asfalto e concreto. Ampliando a visão, ressignificamos olhares, proporções e descobrimos novos elementos na paisagem. Da alta densidade concreta dos prédios de bairros centrais, assim como dos tijolos e madeirites da densidade periférica, brota a necessidade comum de encontrar espaços para que o oxigênio possa fluir revitalizando corpo e alma. A capital paulista tenta compensar a aspereza cartograficamente, batizando diversos bairros como Jardins. Uma das possibilidades de transformar “incompatibilidades” entre territórios, em vínculo e cooperação, vem da música, a partir de iniciativas que desafiam muros e códigos entre relva, cimento e cânions sociais. Assim é o Projeto Jardim a Jardim, uma ação musical inovadora que transcende barreiras geográficas e sociais, unindo talentos de diferentes realidades da cidade. Leal, um dos idealizadores do projeto, reuniu parceiros nascidos e criados tanto nos bairros centrais – Jardim Paulista, Jardim Europa e Jardim Guedala – quanto nas periferias – Jardim Ângela, Kagohara, Nakamura e Campo Limpo –, na iniciativa que é um testemunho vivo do poder transformador da arte e do compromisso social.

O cerne do Projeto Jardim a Jardim reside na sua gênese: os participantes se conheceram por meio de cooperações do terceiro setor, criando uma conexão autêntica que se reflete em repertório colaborativo e em sua profunda dedicação a causas sociais. A iniciativa de Leal partiu de sua inquietude, instigada aos 14 anos escutando Racionais versar sobre a realidade das periferias e se desdobrou através de estágios da faculdade de psicologia nos territórios. Fincou raízes artísticas por lá a partir da compreensão da importância daquela poética para o mundo e da admiração pelo trabalho de diversos parceiros. De lá, nasceu mais do que uma colaboração musical – o Projeto Jardim a Jardim é uma ponte sonora, buscando conectar realidades muitas vezes separadas pelas pontes de concreto da metrópole, para pensar, articular e implementar ações nos territórios. Sua postura: “ser um músico/cidadão que chega para fazer música, vivendo e compreendendo sua cultura e a do outro”. Sua questão: “Quando um ‘jardim’ cruza a ponte para chegar ao outro ‘jardim’?”.

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“É a materialização do sonho de aprofundar a relação entre mundos apartados, mas que pulsam na mesma cidade com diferentes ‘riquezas’”, afirma Leal que, há 25 anos trabalha no terceiro setor, com Juventudes, Cultura e Clima através de organizações como “C de Cultura”, “Em Movimento”, “Instituto Arapyaú” e “Escola Livre Areté”. “É um convite ao diálogo, à reflexão e à construção de uma São Paulo mais íntegra e justa. É entender que o desenvolvimento dos territórios e o direito ao bem viver tem na cultura e nas artes um patrimônio e uma fortaleza capaz de expressar e valorizar identidades diversas, gerando prosperidade e equilíbrio, ao mesmo tempo em que, de seu lugar, pode formular e oferecer soluções para seus problemas, para a cidade e assim, para todos. É trocar a lente da escassez pela da abundancia. É aprender com a potência das periferias e repensar como queremos ser e viver em coletivo“.

A canção que dá nome ao projeto, “Jardim a Jardim”, foi uma co-autoria de Leal com Diel Owdi, em co-produção de Leal com Claudinho, do Instituto Favela da Paz, e Gustavo Lenza, lançada pelo selo “A Banca”. Em seu primeiro álbum, o homônimo “LEAL”, a canção foi regravada em parceria com Bia Ferreira, trazendo um novo flow, e batiza o selo “Jardim a Jardim”.

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Revisitando a história da canção, o co-produtor, Claudinho, aparece como protagonista do primeiro episódio. A faixa é um manifesto político e poético, que provoca o ouvinte a questionar as divisões de classe e raça, e a imaginar o cruzamento entre os diferentes “jardins” da cidade. “Ela te faz pensar, traz várias esferas atuais, globais, por vários pilares e por onde a gente pode ir para educação, economia, sustentabilidade, clima e arte”, explica Lua Leça, responsável pela concepção, direção artística e geral do projeto.

Os primeiros passos dessa jornada são documentados em uma trinca de episódios que revisitam os encontros periféricos originais. O público terá a oportunidade de mergulhar nas histórias de Claudinho, da banda Poesia Sambasoul, do coletivo A Banca (com Diel Owdi, Macarrão e Bola) e da Agência Solano Trindade (com Thiago Vinícius) – cada uma representando a tríade de frentes – social, política e artística, respectivamente. Esses encontros revelam a dimensão humana e transformadora da música. “O Jardim Ângela já foi considerado o ‘bairro mais violento’ quando de fato foi o mais violentado. Essa mudança de olhar é fundamental para entender a realidade e a força dessas comunidades”, diz Bola, da A Banca.

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Os três primeiros episódios da série são uma revisitação dos encontros iniciais de Leal, um “retorno à casa” e aos amigos e projetos que moldaram sua visão de mundo.

Episódio 1 (“Instituto Favela da Paz”): Focado na escuta ativa e compassiva, com uma narrativa educativa sobre sustentabilidade e as múltiplas ações do instituto. Claudinho é descrito como um ser iluminado e querido. “Eu tinha um sonho, que era mudar o lugar sem mudar daqui”, diz Claudinho. O compositor, Leal, traz além da canção que batiza o projeto, a faixa inédita “Um Rio”, voz e violão.

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Episódio 2 (“A Banca”): Aborda o ativismo e o posicionamento da quebrada, um reencontro desafiador e emocionante com amigos que viveram muito. Tati Pi atua como um bálsamo na conversa. É acompanhada pelas faixas “Maracatu de Chão”, em performance coletiva, e Leal solo em “Face Tua”. “Penso que a periferia só surgiu depois do Racionais MCs. Tinha muita gente da quebrada e de fora que não enxergava a periferia. Depois do Racionais, foi uma coisa de se empoderar, de falar ‘é nóis’ e de se orgulhar”, conta o baixista Dom Maka.

Episódio 3 (“Organicamente Rango”): Uma “profusão de ideias”, com Thiago Vinícius e Tia Nice trazendo a dimensão humana dos “corredores de afeto” e a conexão com figuras como Ney Matogrosso e a história da comunidade a partir da obra e biografia de Solano Trindade contada pelo neto, músico e escritor, Vitor Trindade. O capítulo é embalado por “Dois Irmãos” e “Ultramar”, de Leal, e “Garoto do Pandeiro”, de Tati Pi. “Vocês estarem vivos aqui é político; não é partidário, pois política é tudo o que o cidadão faz. Vocês são da Sul, eu passei minha vida na Leste e chamava o Centro de Cidade, pois onde eu morava não era a Cidade”, resume a cantora Kennya Macedo

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O repertório do Projeto Jardim a Jardim é um caldeirão de influências brasileiras, misturando hip-hop, reggae, dub, fandango, samba e elementos do Manguebeat, criando uma sonoridade única e envolvente. Leal, agora, se prepara para o lançamento do álbum “LEAL” em vinil e planeja uma série de shows e novas temporadas de episódios, que trarão colaborações com artistas renomados, ampliando ainda mais o alcance e o impacto de sua mensagem.

O Projeto Jardim a Jardim é mais do que música; é um movimento de engajamento social, uma celebração da diversidade cultural e um chamado à ação para a construção de um futuro mais colaborativo e equitativo.

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Assista aqui: https://youtu.be/-GTzKQgGhBQ

 

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Nota cedida por: Perfexx Assessoria

Foto: Insona

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