A canção é um convite para se permitir ser resgatado por Cristo, deixar o passado e seguir com Ele.
Essa canção é uma versão da música “Elevation Rhythm”, que no original se chama “Goodbye Yesterday” (composição de Joshua Holiday, Madison Gracie Binion, Mitch Wong e Steven Furtick.). A melodia vibrante e o ritmo contagiante foram o que primeiramente atraiu Rodrigo de Campos nessa música. Contudo, ao mergulhar na letra, ele percebeu que havia nela uma profundidade ainda maior. A mensagem que ela carrega se mostra especialmente relevante para o momento que a Igreja brasileira vive hoje. A primeira vez que ele ouviu essa canção estava no Dunamis Con, em 2024: “Ela é uma canção entoada por muitos cristãos da Igreja perseguida: ‘Eu decido seguir a Cristo, a cruz à frente, o mundo atrás, não volto mais atrás.’ A alegria de conhecermos Jesus supera toda e qualquer luta que passarmos neste mundo!”
Cada verso desta canção surge como um convite a olhar para o futuro e, ao mesmo tempo, como uma decisão firme de deixar o passado para viver algo novo em Cristo. No contexto atual da Igreja brasileira, Rodrigo observa uma dificuldade crescente entre os cristãos em abandonar antigas práticas para experimentar o sobrenatural de Deus. Segundo ele, essa resistência está diretamente ligada à realidade do país, onde ser cristão já não carrega o estigma negativo de outras épocas. Para o cantor, essa mudança revela um efeito colateral preocupante: o fortalecimento de uma pregação incompleta do Evangelho: “Apropriar-se da parte mais confortável, ou seja, da promessa de uma vida nova e abundante, mas ignorar completamente aquilo que é essencial: tomar a nossa cruz e segui-lo”, destaca.
Ele reforça que não existe experiência genuína do sobrenatural ou do poder da ressurreição sem que haja, antes, a morte do “velho homem”. Rodrigo adianta que esse tema estará presente em todo o projeto, do qual esta música é apenas uma das muitas expressões dessa abordagem.
A participação do cantor Guga Xavier no projeto carrega um significado especial para Rodrigo. Ele costuma brincar que Guga foi seu “primeiro discípulo”. Os dois se conhecem desde a adolescência, quando cresceram juntos na Comunidade da Graça, igreja onde ambos deram os primeiros passos na fé e no ministério. A história dessa parceria começou de maneira despretensiosa. Durante um acampamento de adolescentes, Guga jogava sinuca enquanto cantarolava baixinho. Ao passar por ele, Rodrigo ouviu sua voz e ficou impressionado: “Cara, você canta muito! Sabia disso?”. Surpreso, Guga mal imaginava o talento que carregava. A partir daquele momento, nasceu uma amizade sólida, alimentada pelo incentivo para que ele desenvolvesse suas habilidades musicais — “E o resto, como dizem, é história!”. Atualmente, Guga lidera o ministério de louvor da Comunidade da Graça, carinhosamente chamada de “Comuna”. Rodrigo, por sua vez, atua como missionário e pastor na Finlândia. Apesar da distância e do passar dos anos, a amizade construída há mais de duas décadas permanece tão forte quanto no início, tornando sua participação no projeto ainda mais significativa.
A longa trajetória cantando lado a lado criou entre os dois uma sintonia vocal rara. Eles costumam brincar dizendo que são “gêmeos de voz”, tamanha a semelhança no timbre e na forma de interpretar. A prova disso veio quando a primeira mixagem da música foi ouvida em casa: ao mostrarem o material para suas filhas, nenhuma delas conseguiu identificar quem cantava cada parte uma confusão que só se desfaz com o vídeo. Mais do que um detalhe técnico, essa fusão de vozes carrega o peso da história que compartilham. Para Rodrigo, ter Guga ao seu lado neste primeiro projeto foi profundamente marcante: “Temos muita história juntos e fiquei muito feliz em ter meu irmão Guga comigo nesse primeiro projeto”, resume revelando o afeto e a parceria que atravessam décadas.